Comércio ambulante cresce com a crise

Escrito por: Redação O Amarelinho

Nas principais ruas da cidade, nas proximidades de estações de metrô e ônibus, e até dentro deles, vendedores ambulantes se arriscam para levar sustento à família.

Faça sol ou chuva, milhares de trabalhadores procuram sua subsistência e a de seus familiares em uma cansativa rotina. Além disso, correm o risco de ter suas mercadorias apreendidas por conta da repressão de fiscais e olhar atravessado dos comerciantes estabelecidos.

A maioria dessas pessoas prefere um emprego formal ou até informal nas empresas, mas pela falta de estudos ou oportunidades encontrou no comércio ambulante uma alternativa de sobrevivência. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), havia 1.300.000 (um milhão e trezentos mil) ambulantes no País no terceiro trimestre de 2017. Destes, 501.300 atuavam no ramo de alimentação, um aumento expressivo considerando os 98.100 de 2012.

A partir de 2014, houve um crescimento significativo de trabalhadores que foram demitidos de empregos formais e passaram a atuar como ambulantes, afirma o coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. Ao trabalhar por conta própria, o ambulante pode escolher o produto, o ponto e o preço, sem a pressão de um chefe e desconto no salário. No entanto, Azeredo lembra que a maior parte dessas pessoas, por não ter registro, deixa de contribuir com a Previdência, ficando sem proteção social.

Este é o caso de Alexandre Roberto de Paula Filho, 21 anos, morador de Parada de Taipas, zona norte da Capital. Aos 16 anos, ele conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada como auxiliar administrativo. Primeiro e único. Foram oito meses de experiência até ser mandado embora em plena crise econômica.

Depois de dois anos de busca por trabalho formal e alguns bicos carregando e descarregando mercadorias, ele viu no comércio ambulante uma alternativa de gerar renda e ajudar a mãe no orçamento familiar. Acompanhado de Álvaro Araújo Andrade, 19 anos, Alexandre vende sucos perto da Estação Domingos de Morais da CPTM. Ele chega às 4h30 para aproveitar o grande movimento de usuários dos trens durante a madrugada e o período da manhã.

Estes jovens reforçam os dados do IBGE que, no segundo trimestre deste ano, apontaram mais de 37 milhões de brasileiros trabalhando por conta própria ou sem carteira assinada. Ou seja, quatro em cada 10 pessoas em condições de trabalhar estão na informalidade, o que ajuda a mascarar o índice de desemprego, que foi puxado para baixo por esta situação.

A informalidade ou o comércio ambulante definitivamente tem sido meio de sobrevivência para muitos trabalhadores, independentemente da faixa etária. Um exemplo é Manoel Ferreira Lima, 63 anos. Há 23 anos, ele perdeu o emprego de torneiro mecânico e nunca mais conseguiu um trabalho com carteira assinada com o mesmo salário anterior. Por isso, teve que mudar completamente a sua rotina.

Morador em Barueri, Manoel se levanta à 1h30 da madrugada para carregar o carro com bolos, pães de queijo, café e leite com ajuda da mulher. Com tanto tempo na rua, tem lugar garantido bem na porta da estação de trem e parece conhecer cada cliente que chega para comprar os seus produtos. “É muito tempo aqui”, diz ele, que garante ganhar o suficiente para manter a vida com a companheira.

Esta realidade coloca o Brasil no sexto lugar com nível mais alto de economia informal no mundo, segundo estudo da consultoria A. T. Kearney. E só sairá desta situação com a melhoria das condições econômicas. É o que espera Alexandre Roberto. “Tenho participado de processos seletivos e a garantia de ter um salário no emprego formal será fundamental para planejar meu futuro”, diz ele, que sonha em ser engenheiro mecânico.

Autorização

O ideal é o ambulante tentar se legalizar para poder atuar em praças e calçadas de ruas e avenidas. No Município de São Paulo, é preciso ter o registro de Microempreendedor Individual (MEI) e o Termo de Permissão de Uso (TPU), que é extremamente limitado. Mais informações podem ser obtidas nas Prefeituras Regionais, cujos endereços podem ser acessados no link https://bit.ly/2z2N4Rs

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