Em junho é celebrado o mês do orgulho LGBT+. Porém, infelizmente, a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero ainda faz parte do ambiente de trabalho no Brasil. Apesar de conquistas significativas e aumento da conscientização social terem melhorado significativamente a situação, muitas pessoas ainda enfrentam obstáculos. De acordo com levantamento da empresa de consultoria Santo Caos, 38% das empresas afirmam que não contratariam pessoas LGBTI+ e 61% dos funcionários LGBT no Brasil escolhem esconder de colegas e gestores sua orientação sexual.
Outro dado, divulgado pela revista Spartacus (especializada na comunidade LGBT+), mostra que o Brasil caiu da 58ª para a 69ª posição no ranking de países mais seguros para os gays em uma lista de 197 nações. Talvez por tudo isso, 99% das pessoas LGBT+ se sentem inseguras no país, de acordo com relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) .
Segundo Liliane Rocha, fundadora da consultoria Gestão Kairós, o desconhecimento sobre diversidade sexual é um dos problemas a ser combatido. “As pessoas não compreendem as diferenças entre o sexo biológico do nascimento, a expressão, a orientação sexual e a identidade de gênero. Nossos números de violência são expressivos. O direito à vida, que é um princípio básico do ser humano, é retirado dessa parcela da população”.
Quais são as dificuldades que as pessoas LGBT enfrentam?
Geralmente, as pessoas LGBT+ podem se sentir incapazes de dar o melhor de si no trabalho, preocupadas com a questão de sua identidade. Consequentemente, sentem a necessidade de mentir sobre suas vidas pessoais e fogem de determinadas discussões. É possível também que as pessoas LGBT+ sejam alvo de comentários ou piadas inapropriadas. Muitas vezes se sentem sozinhos, sem ninguém com quem compartilhar sua verdadeira identidade, o que pode levar a quadros de ansiedade, depressão e medo de rejeição. Também se espera das pessoas LGBT+ a convenção às normas sociais. Portanto, são instruídas a não falar ou a se vestir de uma certa maneira para apagar sua identidade, provocando um exaustivo quadro de permanente vigilância.
A inclusão no trabalho exige uma mudança de mentalidade
A solução está em criar um clima de trabalho inclusivo, no qual todos pertençam e possam ser eles mesmos, independentemente da orientação sexual e identidade de gênero. Dessa forma, é possível ajudar as pessoas a lidarem com as diferenças no trabalho. Infelizmente, isso é mais fácil na teoria do que na prática. Entretanto, a cada dia, mais e mais organizações reforçam a importância de um local de trabalho inclusivo e estão se esforçando para conseguir isso.
Ainda assim, sabemos que mudanças nas políticas e atividades sozinhas não bastam. Nesse sentido, é necessário uma alteração na mentalidade das pessoas que vai além dos muros da organização. Afinal, a empresa faz parte da sociedade heteronormativa e, em grande parte, mantém mecanismos que impedem a aceitação da comunidade LGBT+ em um contexto social mais amplo.
Saiba o que fazer caso sofra discriminação
Se você for vítima de tratamento diferente ou assédio por conta da sua orientação sexual, denuncie. Homofobia é crime. Com a criminalização aprovada pelo STF, foi criado o aplicativo Oi Advogado para conectar pessoas a advogados, localizando especialistas para denunciar crimes de homofobia. Em São Paulo, denúncias podem ser feitas na Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que está vinculada ao Departamento Estadual de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
A Decradi fica na Rua Brigadeiro. Tobias, 527, Centro. Telefone (11) 3311-3555.