O relatório do Banco Mundial “Emprego em Crise: Trajetória para Melhores Empregos na América Latina Pós-Covid-19” mostra que os salários dos brasileiros poderão ser afetados pelo período de 9 anos em razão da atual pandemia do coronavírus.
Divulgado no final de julho, o relatório revela ainda os efeitos devastadores da pandemia. Dessa maneira, eles contribuíram para a eliminação de postos de trabalho, aumento da informalidade, defasagem salarial e redução de renda.
Para a economista Joana Silva, economista sênior do Banco Mundial e coautora do relatório, essas são algumas das causas da pandemia da Covid-19, uma crise catastrófica que está tendo um custo enorme para os mercados de trabalho da América Latina, incluindo o Brasil. “A recessão causada pela Covid-19 deve eliminar cerca de 4% do emprego formal”, destaca.
Proteção social
Para mudar esse quadro é preciso, segundo a economista do Banco Mundial, que o País passe por uma revisão dos instrumentos de proteção social. Ela cita como exemplo a ampliação do acesso ao seguro-desemprego, a fim de preservar a renda do trabalhador formal contra os desafios impostos pelo mercado de trabalho. Atualmente são 14,8 milhões de brasileiros desempregados, de acordo com a PNAD Contínua, do IBGE, além dos seis milhões de desalentados que desistiram de procurar trabalho.
Mas há quem sofra ainda mais com este cenário: os trabalhadores menos qualificados e mais vulneráveis no mercado de trabalho. Portanto, nessa categoria estão os jovens que ainda não ingressaram no mercado e os informais, que não têm resguardados direitos trabalhistas e previdenciários. “É preciso pensar em políticas de apoio à geração de renda e inclusão desses públicos no mercado de trabalho”, diz Joana.
Reflexos da redução dos salários nos menos qualificados
O relatório do Banco Mundial mostra também que a redução dos postos de trabalho e salarial atinge os trabalhadores menos qualificados. Para suprir essa lacuna, é preciso oferecer programas de capacitação. Dessa forma, eles se adaptam rapidamente a um mercado em permanente mudança. “Essa renovação da qualificação passa pela formação digital, pelo fortalecimento das habilidades socioemocionais e pelos esforços para atingir um nível superior de educação. O desafio é imenso e o momento de enfrentá-lo é agora”, afirma a economista.