DVocê já imaginou exercer uma jornada de trabalho de quatro dias, reduzindo a carga de 40 para 35 horas semanais, sem mexer no salário? Pois é, a Islândia tomou esta iniciativa e os resultados foram extremamente positivos, a ponto de outros países, como Espanha, Japão, Nova Zelândia e Finlândia, estarem fazendo testes similares em suas economias.
Segundo a Autonomy, grupo de pesquisa sobre o futuro do trabalho do Reino Unido, e a Associação Islandesa de Sustentabilidade e Democracia, responsáveis pelo estudo, a experiência, realizada entre 2014 e 2021, mostra uma série de benefícios. Entre eles menos estresse para os trabalhadores, maior qualidade dos serviços, sem afetar a produtividade, e mais tempo para desfrutar com amigos e familiares.
Como fica a jornada de trabalho no Brasil?
Mas seria possível implantar este cenário no Brasil? Para a master coach, Andrea Deis, este momento pandêmico é apropriado para se pensar em uma virada de chave. Principalmente pela valorização do sistema híbrido (presencial/virtual) de trabalho ou da instituição do home office em diversos segmentos.
A especialista é favorável à redução de jornada de trabalho, por permitir um maior equilíbrio da vida pessoal e profissional. Mas, para que esse cenário se concretize, é necessária uma mudança de mentalidade dos empresários, uma vez que boa parte deles ainda tem uma relação com o trabalhador marcada pelo auto controle e monitoramento. “É preciso mudar isso, estabelecendo uma relação de confiança, dando autonomia e responsabilidade ao colaborador, exigindo entrega e não horas trabalhadas”, diz Andrea.
Colaboração dos profissionais
Em uma jornada mais flexível, mudanças de posicionamento são esperadas também por parte dos trabalhadores. No entanto, para Andrea, essas mudanças geram também outro padrão de competitividade, no qual os profissionais são estimulados a apresentar uma maior eficiência. ”Será necessário ter uma visão mais abrangente, não relacionada apenas à execução de tarefas, mas a entregar algo a mais: uma solução, uma oportunidade, algo encantador”, exemplifica.
Os trabalhadores podem até apresentar uma reação inicial de medo ou um senso de incapacidade diante de uma situação nova como esta, segundo Andrea. “Mas, aos poucos, a maior autonomia, que é a base para uma relação de entrega com o empresário, independentemente da jornada de trabalho executada, faz aumentar a autoconfiança e a autoestima, resultando em um profissional muito mais produtivo”, finaliza a master coach.
Autor: Claudinei Nascimento