A saúde mental ganhou notoriedade no ambiente corporativo, devido ao aumento de episódios de assédio moral. Um levantamento da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) apontou que cerca de 52% dos trabalhadores do país relatam ter ansiedade no trabalho.
Os episódios de assédio moral no trabalho estão entre os principais fatores que afetam a saúde mental de muitos brasileiros. Dessa forma, essa situação pode causar sérios prejuízos à saúde mental do trabalhador.
Isto é depressão, ansiedade, nervosismo, sociofobia, ataques de pânico, baixa autoestima, apatia e falta de concentração. Esses dados são de uma pesquisa publicada na Revista Psicologia e desenvolvida pelo Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
De 2020 a 2023, a Justiça do Trabalho julgou mais de 419 mil ações de assédio moral e sexual. Só em relação aos episódios de assédio moral, o Judiciário Trabalhista registrou um aumento de 5% no número de casos no período.
Para frear números de assédio dentro do ambiente empresarial, muitas corporações têm adotado um sistema de compliance com medidas preventivas. Ademais, alternativas como campanhas e treinamentos podem ajudar a conscientizar os colaboradores sobre o tema.
Relação do assédio moral com a saúde mental
Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) a falta de discernimento entre poder e autoridade são a origem para a maioria dos comportamentos abusivos.
Então, em boa parte dos casos, o assediador ocupa uma posição superior à da vítima na empresa e usa a relação hierárquica para se sobressair.
O tribunal ainda aponta que é comum o abuso de autoridade resultar em submissão, obediência e, inicialmente, na qualidade de trabalho mais satisfatória. No entanto, quando a vítima começa a sofrer as consequências do abuso, a produtividade pode cair e a saúde mental ficar comprometida.
Em entrevista para a imprensa, o doutor em Psicologia, Roberto Heloani, destaca alguns problemas que as vítimas de assédio moral podem ter. São eles: alterações do sono, dificuldades para se relacionar, síndrome do pânico e estresse, além de sinais de ansiedade e depressão.
Assim, o TJDFT destaca que o desequilíbrio emocional impede o colaborador de perceber o abuso. Em alguns casos, eles podem se culpar e continuar a se submeter aos assédios com receio e resistência de utilizar o canal de denúncias nas empresas.
Medidas podem ajudar as empresas
O canal de denúncias é uma das medidas que as empresas que adotam sistema de compliance possuem. Por meio desses mecanismos, os colaboradores se sentem mais confortáveis para compartilhar os episódios de assédio que vivenciaram.
Em contrapartida, um levantamento destacou que, para alguns colaboradores, a empresa pode não estar preparada para lidar com episódios de assédio e/ou de saúde mental. Uma pesquisa da consultoria britânica Capita, divulgada pela Enap, aponta que 49% dos trabalhadores brasileiros acreditam que seus líderes imediatos não saberiam lidar com esses temas.
Para criar um ambiente eficaz no combate ao assédio e na promoção de saúde mental, as organizações precisam adotar medidas específicas. Como, por exemplo, um sistema de compliance que tenha ações efetivas. Dentre elas, a inclusão de regras de conduta, canais de denúncias e realização de treinamentos para capacitar toda a equipe.