Fake news também vem sendo usada no mercado de trabalho, com profissionais e empresas surfando nesta onda, diz Lucas Oggiam
As fake news ou informações falsas ganharam destaque nas campanhas eleitorais dos Estados Unidos e foram replicadas no Brasil. No entanto, elas não se restringem às ações políticas e começam a ocupar espaço no mercado de trabalho, com estratégias parecidas.
Neste caso, candidatos a vagas podem mentir para tentar esconder desvios de conduta, desconhecimento sobre temas específicos, melhorar a imagem e aumentar as reais qualificações ou os níveis de experiência. Tudo para vencer outros profissionais na conquista de uma nova oportunidade, principalmente num cenário de quase 13 milhões de desempregados.
No entanto, tanto na política quanto na carreira, quando a fake news é descoberta, o efeito colateral pode ajudar a derrubar tudo que foi construído sobre bases duvidosas, explica Lucas Oggiam, gerente executivo da Page Personnel. Ele lembra que algumas empresas também entram nesta onda. “Elas criam anúncios de vagas na internet que, na verdade, estão fechadas. O intuito é apenas mapear o mercado, entender como está a demanda, quanto os profissionais estão pedindo de salários e benefícios, enfim, uma sondagem falsa”, alerta.
Para o gerente, um anúncio de emprego deve, em primeiro lugar, oferecer uma oportunidade. Por isso, ele recomenda que, ao receber vagas por e-mail ou até WhatsApp, vale checar a procedência da empresa, se há divulgação em outros portais e até mesmo entrar em contato com a companhia para verificar a autenticidade das informações.
Por outro lado, alguns candidatos turbinam os salários de experiências anteriores, principalmente em vagas de pessoas jurídicas (PJs), onde é mais difícil a comprovação de rendimentos. Segundo Oggiam, não há problema algum em tentar melhorar a expectativa de ganhos, mas pode gerar um desconforto se for questionado pelo RH. “O ideal é abrir o jogo sobre o salário real e explicar porque deseja e precisa ganhar mais. É simples e mais profissional”, recomenda.
Com relação ao motivo de ter saído ou ter sido despedido do emprego anterior, vale o mesmo raciocínio da questão salarial. É melhor ser franco e explicar os reais motivos e argumentar o quanto isso o fez crescer e melhorar, pensando na nova oportunidade. “De novo, é uma questão de foro íntimo, mas a omissão pode custar um preço alto, incluindo quebra de confiança ou mal-estar, a partir do momento que alguém saiba ou descubra a outra versão da história”, afirma Oggiam.
Talvez alguns profissionais possam pensar que é normal promover suas habilidades diante de uma nova chance de trabalho. “Promover é uma coisa, mentir ou ultrapassar o razoável é outra. Em pouco tempo, os gestores vão perceber que a pessoa não tinha a experiência exigida pela vaga e a conta sairá cara”, adverte o gerente.
Inventar certificados, omitir informações sobre a carga horária real de cursos, extensões ou experiências no exterior são mais comuns do que se imagina. Para Oggiam, é melhor o candidato colocar seus conhecimentos informais no currículo e explicá-los na entrevista presencial, do que fantasiar com as certificações.