A ampliação do trabalho remoto tem gerado efeitos significativos sobre a empregabilidade de profissionais com deficiência no mundo. Mais do que uma tendência pós-transformações no meio corporativo, o home office tornou-se um aliado da inclusão ao reduzir barreiras estruturais e ampliar possibilidades de contratação em diversos setores.
A mudança, ainda em curso entre muitas empresas, reflete também no aumento da busca por vagas voltadas ao público PCD. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o país conta com 17,5 milhões de PcDs em idade para trabalhar, e, De acordo com o levantamento do Banco Nacional de Empregos (BNE), o número de vagas para PCDs cresceu 22,79% em 2024 quando comparado a 2023.
Acesso facilitado ao mercado de trabalho
O deslocamento urbano, muitas vezes inadequado, e a ausência de acessibilidade física nos escritórios ainda são entraves para muitos profissionais com deficiência. O trabalho remoto, nesse contexto, surge como uma alternativa viável e mais inclusiva. Além disso, ao atuar de casa, o colaborador pode adaptar o ambiente conforme suas necessidades específicas, o que tende a melhorar a produtividade e o bem-estar.
Um exemplo desse avanço está no Projeto de Lei n° 331/2025, em tramitação no Senado, que assegura às pessoas com deficiência o direito de optar pelo home office sempre que compatível com as atividades a serem exercidas. A medida estabelece uma base legal para que empresas considerem a inclusão de forma mais ativa em suas políticas de contratação.
Inclusão além da contratação
A pauta da inclusão não se limita à oportunidade de ingresso. Envolve também as condições oferecidas para o pleno exercício da função. Por isso, iniciativas que pensam no cotidiano de trabalho são fundamentais. Recursos como softwares com leitores de tela, teclados adaptados, intérpretes de Libras em reuniões virtuais e plataformas com acessibilidade digital estão entre as ferramentas adotadas por empresas mais preparadas.
Outro ponto de atenção está no ambiente físico doméstico. A adaptação da estação de trabalho passa por ajustes como iluminação adequada, altura correta da mesa, uso de mouse e teclado ergonômicos e uma cadeira de escritório confortável e ajustável, capaz de garantir a postura ideal ao longo do expediente. Esses detalhes fazem diferença no rendimento e na qualidade de vida dos profissionais.
Desafios e próximos passos
Apesar dos avanços, o cenário continua longe de ser ideal. Muitas empresas ainda estão despreparadas para lidar com a inclusão de maneira efetiva. Segundo levantamento do Pacto Global, divulgado em 2025, oito em cada dez trabalhadores e trabalhadoras com deficiência ou neurodivergência que estão empregados avaliam que a maioria das empresas não está pronta para recebê-los em seu quadro funcional.
Ampliar a participação de profissionais com deficiência exige mais do que permitir o home office. É necessário criar ambientes, sejam virtuais ou físicos, verdadeiramente acolhedores, que reconheçam a diversidade como um valor. Nesse sentido, o trabalho remoto pode ser um ponto de partida sólido, mas precisa vir acompanhado de políticas claras, escuta ativa e investimento em acessibilidade.