Empreender exige planejamento

1 de julho de 2019

Escrito por: Claudinei Nascimento
Dois terços dos brasileiros pensam em abrir um negócio, mas ser o próprio patrão exige conhecer profundamente sobre o segmento em que pretende atuar.

Alcançar uma maior renda, atingir a independência financeira, ter mais autonomia para tomada de decisões. As motivações são várias, mas o pensamento é um só: tornar-se um empreendedor. Esse é o desejo de 66% de brasileiros, a partir dos dados revelados de uma pesquisa feita pela MindMiners e encomendada pelo PayPal.
A estudo é reforçado por outros números. Somente no ano passado, o Brasil formalizou a abertura de cerca de 2,5 milhões de empresas, alta de 15,1% em comparação a 2017. Este cenário, entretanto, está atrelado à fraca recuperação da economia e dificuldade de reverter as altas taxas de desemprego.
E é aí que mora o perigo, pois ainda tem muita gente abrindo o seu negócio próprio por uma necessidade e não por visualizar uma oportunidade. Resultado disso é que, assim como nascem muitas empresas, muitas morrem. Pesquisa de Demografia das Empresas, realizada pelo Sebrae, mostra que 67% delas não alcançam cinco anos de vida.
Falta de planejamento
E este cenário, construído de maneira errada, revela o maior de todos os males: o sonho de ser seu próprio patrão, na maioria das vezes, não está apoiado pelo devido planejamento do negócio.
Carlos Vianna, 54 anos, sabe disso. Foi dono de uma pizzaria que durou apenas dois anos, quando viu uma grande rede de restaurantes abrir uma unidade em frente ao seu estabelecimento. Sem reserva financeira, teve que baixar as portas.
Mas ele não quer mais fazer parte dessa estatística. Vendedor de uma empresa de equipamentos, ele tem sondado os segmentos de Alimentação e Estética para, junto à esposa, ter novamente a sua própria empresa. “São setores que não passam alheios à crise, mas que têm se destacado mesmo em momentos de recessão”, diz ele, argumentando sobre as suas escolhas.
Em suas andanças, Vianna tem feito cursos de gestão no Sebrae e esteve recentemente na 28ª ABF Franchising Expo, feira de franquias que foi realizada em São Paulo, de 26 a 29 de junho. “Vi uma matéria sobre microfranquias e me chamou atenção a possibilidade de investir em negócios com marcas mais consolidadas e menores chances de dar errado”, diz.
Quem quer empreender precisa saber sobre conceitos de gestão, 
lidar com pessoas, escolher um ponto estratégico e gostar da sua área de atuação
 
Adriana Auriemo
 
Adriana Auriemo, diretora de microfranquias da ABF


Caminho certo
Diretora de microfranquias da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Adriana Auriemo diz que este estudo prévio de mercado é uma das condições para quem quer empreender corretamente. “É preciso saber sobre gestão e lidar com pessoas, escolher um ponto estratégico, gostar da área de atuação, enfim, se aprofundar sobre o negócio”, orienta.
E isto vale também para negócios já testados, como é o caso das franquias. Antes de tornar-se um franqueado, é obrigatório que a franqueadora entregue uma Circular de Oferta de Franquia. “Neste documento, estão todas as regras do jogo e o empreendedor saberá onde está pisando, pois ele indica todas as responsabilidades das partes, custos envolvidos, entre outras informações relevantes”, declara ela que, há 23 anos, trouxe para o Brasil a rede de franquias Nutty Bavarian.
E mesmo os franqueadores entendem, no dia a dia, a necessidade de ajustes em seus modelos de negócio, para atraírem os olhares e interesses de novos empreendedores. A Igui, por exemplo, que atua na construção de piscinas, observou a falta de profissionais qualificados para trabalhar na manutenção delas e criou a Igui Trata Bem, formando técnicos de manutenção de piscinas.
De acordo com Lilian Marques, diretora-executiva da Trata Bem, o trabalho desse profissional não se resume a colocar cloro na água. “Ele precisa entender de PH e conhecer produtos que não agridam os elementos sustentáveis e orgânicos envolvidos no segmento.”
Essas adaptações, segundo Adriana, são comuns. E funcionam como exemplo de que, tanto empreendedores quanto os trabalhadores, precisam se adequar às circunstâncias, buscando alternativas para se destacar no mercado.

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