Mito do trabalho perfeito

22 de julho de 2019

Escrito por: Claudinei Nascimento
Pense rápido. Quantas pessoas você conhece que têm, realmente, um trabalho perfeito? Que fazem o que amam, interagem com pessoas maravilhosas, não enfrentam sobrecarga, ganham o que merecem, não apagam incêndios, jamais enfrentam problemas de relacionamento, desconhecem a palavra frustração, podem sair mais cedo para se dedicar a seus hobbies e passam os fins de semana esperando pela segunda-feira? 
Para além das postagens das redes sociais, acredito que não haja ninguém que se encaixe em todos esses requisitos. E é perfeitamente normal que seja assim. Trabalhar pode e deve ser prazeroso, mas exige disposição e coragem para enfrentar desafios. Afinal, o trabalho envolve o contato estreito com pessoas que pensam diferente, com ambientes distintos e expectativas que não são iguais as suas. Impossível acreditar que isso possa funcionar em perfeita harmonia durante todo o tempo.
No meu dia a dia, observo de perto a angústia provocada pela busca de um trabalho perfeito que, na verdade, não existe. Os profissionais perdem o sono pensando naquilo que não ocorre da maneira como gostariam e se esquecem de considerar também aquilo que o trabalho lhes traz de bom, de gratificante.
 A idealização funciona como uma grande armadilha. Em minha trajetória como coach, percebi claramente que os profissionais mais felizes no trabalho não são os que têm o emprego dos sonhos – até porque isso varia de uma pessoa para outra –, mas, ao contrário, são os realistas. Eles enxergam as qualidades daquilo que fazem, encontram motivos para ficar contentes, mesmo que nem tudo ocorra como gostariam. Conseguem manter a resiliência e seguir em frente, mesmo diante das adversidades.
Ser realista não é sinônimo de ser cego. Em qualquer circunstância, pode haver o inaceitável e o inadmissível, problemas impossíveis de contornar, momentos em que precisamos buscar outros caminhos. Não precisamos procurar pontos positivos em uma situação claramente insustentável, mas sim entender que esses momentos são exceção, e não uma regra.
Falar parece mais fácil do que fazer, mas tentar enxergar tudo por um novo prisma vale a pena. Os problemas enfrentados no mundo do trabalho são inúmeros, mas as conquistas também. Basta equacionar a energia dedicada a um lado e ao outro. Tudo é uma questão de prioridade.
Allessandra Canuto
Especialista em gestão estratégica de conflitos, sócia da AlleaoLado e coautora do livro “A culpa não é minha”

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