Número de profissionais de 50 a 64 anos, dentro do mercado formal, passou de 10,5% para 16,5% em uma década.
Era 2010 e Rute Moraes de Assis Souza, então com 50 anos, tinha muita dificuldade para arrumar emprego, até que conseguiu uma vaga como operadora de atendimento na Atento, em Santo André. De lá para cá, ela foi conquistando seus espaços, exerceu outras funções e hoje, aos 59 anos, atua como supervisora motivacional na empresa.
Rute ajuda a reforçar dados do instituto de pesquisa Datafolha. Eles apontam que, entre 2007 e 2017, o número de profissionais de 50 a 64 anos, dentro do mercado formal, passou de 10,5% para 16,5%.
Isso não quer dizer que encontrar uma oportunidade de emprego, em um contingente de mais de 12 milhões de desocupados, seja uma tarefa fácil para quem tem mais de 50 anos. No entanto, há realmente sinais de que algumas empresas passaram a ter um olhar diferente para pessoas mais maduras. Nos últimos seis meses, por exemplo, levantamento da consultoria de RH Luandre mostrou que foram contratados mais de 2.500 profissionais acima desta faixa etária, para áreas diversas como Saúde, Varejo e Logística.
Para a coordenadora de RH da Luandre, Renata Motone, a bagagem trazida por profissionais mais maduros tem sido observada como um diferencial importante para dar mais equilíbrio ao ambiente de trabalho. “Eles apresentam maior motivação, têm um olhar menos conflituoso frente à liderança, entendem e ajudam a fortalecer a visão estratégica da empresa”, avalia.
Novo mundo
Rute é um bom exemplo. A idade mais avançada não é empecilho para ela que, no dia a dia, adora animar e melhorar o trabalho de todos. “Fui apresentada a um outro mundo e agradeço por isso. A gente corre muito, sobe e desce escadas. Mas, eu sou agitada, dinâmica e gosto demais de toda essa movimentação. Por isso, me ofereceram essa chance e estou me dando superbem aqui”, diz.
Para Angelina Assis, psicóloga e gerente de relacionamento com o cliente do Grupo Soulan, apesar de haver empresas atentas a uma política mais inclusiva para esses profissionais, este tipo de contratação ainda não avança como poderia. “Acredito que essa timidez tem se dado por uma questão cultural do brasileiro, que sempre valorizou os mais jovens.”
Ela lembra, no entanto, que, segundo dados do IBGE, o Brasil vai ter 66,5 milhões de idosos em 2050, representando cerca de 30% da população. “Por isso, acredito que dar mais oportunidades para este público é um caminho sem volta.”