Entre 280 mil e 390 mil mulheres devem ingressar no setor de Transporte por Aplicativo no Brasil até 2029, conforme estudo desenvolvido pela Oxford Economics. O anúncio coincide com a decisão de aplicativos de transporte lançarem corridas exclusivas para mulheres nos Estados Unidos. Portanto, sinaliza uma tendência global de inclusão feminina no setor.
A projeção abrange as cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, apontando para um crescimento de 3,5% a 4,9% na participação feminina da força de trabalho neste segmento. O levantamento também revela preferências femininas em relação ao serviço. No caso, 73% das mulheres priorizam aspectos de segurança ao utilizar serviços de transporte por aplicativo, percentual superior aos 63% registrados entre os homens.
Os dados do estudo indicam não apenas uma mudança no perfil dos condutores, mas também um impacto econômico estimado entre 1,5% e 2,1% no crescimento das economias dessas cidades. Para motoristas que buscam carro para Uber em São Paulo ou demais centros urbanos, esse aumento pode representar novas oportunidades.
Crescimento de 15% na habilitação feminina
O Registro Nacional de Carteira de Habilitação documenta uma tendência ascendente na participação das mulheres no trânsito brasileiro. Entre 2018 e 2022, houve aumento de 15% no número de condutoras habilitadas no país. Esta é uma tendência que se reflete na busca por carro para aplicativo em Porto Alegre e demais capitais, conforme registros do sistema nacional.
No Brasil, embora não existam estatísticas oficiais sobre a participação feminina no setor, a perspectiva de crescimento projetada pelo estudo da Oxford Economics sugere transformação nessa composição nos próximos anos.
Principais critérios das mulheres na escolha do transporte
A questão da segurança transcende a escolha do modal de transporte e influencia diretamente as decisões profissionais das mulheres. Segundo o estudo da Oxford Economics, 65% das brasileiras entrevistadas enfatizam a eficiência como fator essencial, enquanto 72% valorizam o atendimento ao cliente oferecido pelas plataformas, incluindo assistência 24 horas.
Os dados sobre deslocamento também chamam atenção. Quase nove em cada dez mulheres que trabalham e utilizam frequentemente aplicativos de transporte levam mais de 30 minutos para chegar ao trabalho. Dessas, 37% enfrentam trajetos superiores a uma hora.
A implementação de novas funcionalidades pelas plataformas demonstra o reconhecimento dessa demanda específica. Em Portugal, uma das principais empresas do setor lançou o serviço Women Drivers, permitindo que passageiras escolham o gênero do condutor. O empresário Francisco Vilaça, representante da empresa, explicou que a iniciativa busca “tornar o setor mais inclusivo, representativo da população e atrativo para mulheres”.
Mulheres registram menos acidentes e infrações no trânsito
Dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo revelam que, em 2022, dos 3.361 condutores que vieram a óbito em decorrência de acidentes de trânsito, 92,7% eram homens, enquanto apenas 7,3% eram mulheres. O instrutor de trânsito do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco, Eduardo Alves, confirma que “a quantidade de infrações de trânsito cometidas por mulheres é menor”, acrescentando que “entre os que dirigem sob a influência de álcool, o número de mulheres também é menor”.
Essa cautela se reflete nos custos operacionais. Um levantamento de entidades ligadas à Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostra diferenças na precificação de seguros automotivos. Para o Chevrolet Onix Sedan Plus, o preço médio do seguro no perfil masculino alcança R$ 4.677,51, enquanto para mulheres o valor cai para R$ 2.238,59, segundo dados da AEM Corretora de Seguros.
Plataformas investem para atrair motoristas mulheres
Mais mulheres no mercado de aplicativos de transporte é um fenômeno que também toca em questões econômicas e sociais. O estudo identificou que mulheres brasileiras demonstram menor flexibilidade para encontrar alternativas de transporte ao trabalho, quando comparadas aos homens: apenas 32% delas afirmaram que encontrariam outras formas de deslocamento caso os aplicativos não estivessem disponíveis, contra 49% dos homens.
A dependência desse modal específico revela tanto uma vulnerabilidade quanto uma oportunidade. Por um lado, evidencia a necessidade de políticas que garantam a sustentabilidade e acessibilidade dos serviços. Por outro, demonstra um nicho de mercado com demanda consolidada e potencial de expansão.
As plataformas de transporte têm reconhecido essa realidade e investido em recursos para o público feminino. Além das funcionalidades de segurança, há empresas que implementaram programas de incentivo à participação de mulheres como condutoras, oferecendo treinamentos e condições diferenciadas de adesão.