O jornal O Amarelinho e a organização social Cruzando Histórias firmaram uma parceria, por meio da qual abrem espaço para mulheres contarem, por elas mesmas, as suas trajetórias relacionadas ao mundo do trabalho.
A história abaixo é de Priscila Menezes, 37 anos, de Guarulhos, SP.
“Se tem uma característica pela qual sou conhecida entre os meus colegas de profissão, é a minha disposição e prazer em atender e ajudar as pessoas. Tenho gosto genuíno em ouvir um problema e colocar a minha cabeça e habilidades em jogo para oferecer uma solução. É que me empolgo ao resolver uma questão e entendo como desafio e conquista minha também! Olhando para minha história de vida, vejo que essa atitude proativa, paciente e otimista é fruto dos aprendizados que recebi dos meus pais.
A história e o começo do desafio
Filha de nordestinos, minha mãe saiu de uma comunidade na Bahia para tentar uma vida mais digna em São Paulo. Ela começou a trabalhar como doméstica na capital paulista, carregando-me para cima e para baixo em seu colo, quando eu tinha apenas um ano de vida. Meu pai, eletricista e técnico de manutenção, veio logo depois e se juntou ao corre da minha mãe. Além de mim, eles tiveram a minha irmã. Sou a filha mais velha e acompanhei de perto a batalha deles.
Antes mesmo de trabalhar formalmente, eu já era responsável por ajudar a administrar as finanças de casa. Cuidava das faturas domésticas, organizando tudo em pastinhas. Só assim é que meus pais conseguiam manter as contas em dia, negociar prazos, sustentar nossa família e traçar planos para a compra da casa própria. Sonho realizado anos depois.
Ainda acompanhando a jornada da minha mãe, também aprendi sobre garra e resiliência. É que, até nos momentos mais difíceis, ela se mantinha firme, com um sorriso no rosto e disposta a correr atrás e fazer bicos. Nosso lema é: levante a cabeça, enfrente os problemas, ofereça o seu melhor e corra atrás da sua independência. Nesse sentido, hoje eu posso dizer que absorvi todos esses aprendizados.
A primeira experiência profissional
Meu primeiro emprego foi como estagiária na área administrativa de uma empresa, no setor de cobranças, contas a pagar e receber, aos 14 anos. Ali aprendi a lidar com números, organização e administração. Segui por esse caminho e me formei em Administração de Empresas, mas, com o passar dos anos, a área de atendimento ao cliente ganhou o meu coração.
Esse é o setor em que me encontrei, especializei-me e quero continuar trabalhando. A experiência que mais destaco no meu currículo foi em uma central de atendimento. Foram seis anos atendendo clientes, tanto internos quanto externos, o que me trouxe muito aprendizado! Primeiramente, comecei como assistente, logo me tornei líder do setor. Nesse cargo, pude desenvolver muito bem as duas principais habilidades que eu considero de um bom atendimento: escutar e resolver problemas.
Superando um desafio por dia
Parafraseando aquela frase de padaria, brinco que sou a profissional que atende bem, para atender sempre. É isso mesmo! Entendo que atender bem é dar atenção quando o cliente fala, além de ser flexível e ter a sensibilidade para direcionar e negociar o melhor caminho. Portanto, não existe problema que não possa ser resolvido. Tudo se ajusta a partir de uma boa conversa!
Esse mesmo olhar otimista que tenho para encontrar soluções nos meus atendimentos, estou praticando no meu atual momento profissional. Faz seis meses que estou desempregada e confesso que a busca por uma recolocação, tem sido um desafio. No entanto, estou firme e focada em cuidar de mim. Faço terapia, exercícios físicos, meditação, além de usar grande parte do dia para fazer cursos e absorver leituras que aprimoram meu currículo.
Outro grande passo que dei nesse período foi o de começar a graduação de Psicologia. Dessa maneira, sinto o desejo de trabalhar em prol das mulheres e acredito que o curso vai somar ainda mais nas minhas experiências e atendimento qualificado. E lembra do lema de levantar a cabeça e correr atrás? Também está em prática por aqui! É que, enquanto busco por um trabalho fixo na minha área, faço bicos com diárias de faxina, hidratação e escova de cabelo, além de consertos de serviços domésticos. Preciso me manter na ativa para ajudar e sustentar a minha família. Eles me dão força!
Então se você, que está lendo a minha história, tiver uma vaga para atendimento ao cliente, também como coordenadora, líder e supervisora, eu estou aqui! Posso garantir que sou uma profissional determinada, proativa e positiva e me sinto pronta para agarrar o meu próximo desafio!”