A nova edição do “Relatório de planejamento orçamentário salarial”, da WTW, revela que as empresas brasileiras projetam aumento salarial médio de 5,8% para 2026. O estudo mostra, ainda, que as organizações globais estão sendo mais criteriosas sobre como alocar esses salários, considerando as necessidades do negócio e o desenvolvimento das equipes.
Segundo a pesquisa, o caminho para ter uma força de trabalho mais eficiente no próximo ano começa pelas decisões tomadas agora. Entre as recomendações, estão a revisão das estruturas salariais e o alinhamento da remuneração às habilidades que a empresa deseja fortalecer, acompanhando a evolução das funções e os processos de qualificação e requalificação profissional.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) destaca que profissionais qualificados tendem a preferir empresas que ofereçam oportunidades de crescimento, com salários alinhados ao mercado e um plano de carreira estruturado. Por isso, políticas de remuneração e incentivos, como a criação de um plano de cargos e salários, são consideradas importantes.
De acordo com o Sebrae, o plano de cargos e salários é uma política interna que define como a remuneração dos funcionários é estruturada em uma empresa, considerando as funções e responsabilidades de cada um.
A tendência para o futuro é que ela passe a adotar formatos mais flexíveis, baseados na evolução de competências, e não apenas em estruturas rígidas e uma hierarquia tradicional. É o que acredita o sócio-diretor da Conexão Talento, Lucas Bianchini, que defende que os profissionais já não querem apenas um bom salário, mas saber até onde podem chegar, o que precisam desenvolver e como serão reconhecidos por isso. “Bem estruturado, um plano de cargos e salários mostra que a empresa tem coerência, clareza e justiça nas suas práticas de gestão. Isso transmite segurança e previsibilidade.”.
Outras vantagens dessa estratégia, segundo o Sebrae, são a valorização do profissional, o maior comprometimento e o engajamento de talentos. Além disso, a definição estruturada das funções e das faixas salariais contribui para uma remuneração mais equilibrada entre colaboradores que desempenham atividades semelhantes, favorecendo a equiparação salarial.
Também é apontado entre os benefícios que essa transparência auxilia nos processos de seleção e recrutamento, já que candidatos tendem a valorizar organizações em que conseguem visualizar caminhos de evolução e critérios de reconhecimento.
E mesmo que o salário não seja o único fator motivador, o Sebrae reforça que a existência de uma política de remuneração contribui para o fortalecimento do vínculo entre o profissional e a organização. Segundo a entidade, uma política clara e transparente reduz a rotatividade e diminui custos associados a novas contratações.
Como estruturar o plano de cargos e salários
Para desenvolver um plano de cargos e salários efetivo, Bianchini explica que o ponto de partida deve ser o mapeamento claro de cargos e responsabilidades, definindo o que cada função exige em termos de conhecimento, experiência e resultados esperados. A partir disso, deve ser feita a avaliação de competências e desempenho, garantindo que a evolução na carreira esteja ligada a critérios objetivos e justos.
Bianchini destaca a importância de fazer um estudo de mercado, definindo faixas salariais competitivas e que permitam atrair e reter talentos sem comprometer a sustentabilidade da empresa. O Sebrae também alerta sobre esse ponto e recomenda que a empresa esteja atenta ao capital disponível para quitar suas obrigações salariais.
“A comunicação transparente também é essencial: todos precisam entender como funciona o plano, quais são os critérios de crescimento e quais oportunidades existem”, acrescenta Bianchini.
De acordo com o Sebrae, também não pode faltar no documento um detalhamento de como e quando os reajustes salariais podem acontecer, seja por mérito ou maturidade do profissional. Para isso, é importante deixar claro como serão as mudanças e aprovações, assim como as avaliações de desempenho.
“Também é preciso que o plano seja flexível e revisado periodicamente, acompanhando mudanças do mercado, da estratégia da empresa e das expectativas dos colaboradores. Um plano bem estruturado não só organiza salários, mas cria clareza, motivação e engajamento dentro da organização”, finaliza Bianchini.





