Foto: Sidnei Augusto Azevedo conseguiu se recolocar depois de dois anos parado.
Com a alta taxa de desemprego, quando mais de 13 milhões de brasileiros estão desocupados, o ingresso ou a recolocação no mercado de trabalho está cada vez mais difícil e a média de tempo para um profissional voltar ao mercado é de mais de um ano, segundo a última PNAD Contínua (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio Contínua), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no final de maio. Com isso, o número de desalentados chegou a 4,8 milhões, mantendo o recorde da série histórica em 15 estados.
Para evitar o desânimo, que é natural neste caso, é importante tomar algumas medidas na busca de trabalho, segundo o diretor de operações da Luandre, Fernando Medina. “Muitas vezes, o pessoal produz um currículo fraco, sem as experiências específicas para aquela vaga. Sempre digo que o currículo deve ser quase personalizado para cada oportunidade de emprego”, aconselha.
Outro fator importante apontado pelo especialista é evitar a ansiedade, pois, em muitos casos, por conta dela muitos profissionais se desesperam e entregam dezenas de currículos em qualquer lugar. “O currículo precisa ser verdadeiro e direcionado para a oportunidade desejada. Disparar para todos os lados aumenta o número de negativas e isso acaba afetando o emocional da pessoa”, afirma.
Otimismo é uma das características de Maria Laudizia Alves Bernardo Chaves. Ela ficou muito tempo desempregada e saía para procurar uma vaga ou ia a uma entrevista sempre com o pensamento positivo de que voltaria para casa empregada. “Nunca deixei de ter esperança, afinal o que nos move é acreditar em dias melhores”, diz. No final do ano passado, Maria fez um curso preparatório para o mercado de trabalho e aprendeu que é preciso valorizar suas experiências anteriores e nunca mentir no currículo e entrevistas. E conseguiu sua tão sonhada recolocação. Agora está estudando para concurso pela internet em casa.
O penúltimo emprego de Graça Gomes com registro em carteira havia sido em um restaurante, na função de auxiliar de escritório. Até ser demitida sem qualquer explicação em janeiro de 2018. Sua peregrinação à procura de um emprego terminou recentemente, quando foi admitida como operadora de SAC, que só aceitou para por fim àquela situação. Formada em Administração de Empresas, não conseguiu dar continuidade aos estudos por falta de condições financeiras.
Graça diz que encarou esse processo de busca por recolocação com um misto de esperança e frustração. “Esperança surgia quando era convocada para uma entrevista, mas não passava disso. Cheguei a fazer um curso de dicas de comportamento para entrevistas, com a finalidade de controlar minha ansiedade que já me atrapalhou
muito”, confessa, contando que agora também voltou a estudar, focando em concursos.
Quem também foi recompensado por nunca desistir é Sidnei Augusto Azevedo. Quando foi demitido do seu trabalho como analista de custos depois de 21 anos na empresa em 2011, a crise nem havia começado. No entanto, ele enfrentou dificuldades enormes para se recolocar no mercado por conta de sua idade e falta de um curso superior. “Por alguns percalços, não fiz faculdade e, hoje em dia, a maioria das empresas exige curso superior até para funções de auxiliar”, constata.
Sidnei conta nunca ter desistido durante o período que ficou desempregado, até conseguir uma vaga em uma empresa de comércio e importação de equipamentos e produtos hidráulicos, não na função anterior, mas como motorista. “É melhor que estar desempregado e sou muito grato à empresa por me oferecer esta oportunidade”, confessa.
Para ele, o principal motivo para ter conseguido a recolocação foi a perseverança. No entanto, ele recomenda que quem está à procura de uma vaga não deve cometer o seu erro. “É preciso se capacitar, fazer cursos de aperfeiçoamento, mesmo técnicos, pois muitos são gratuitos. Além disso, enviar e entregar currículos sempre, direcionando para o que gosta e sabe fazer”, aconselha.