A presença de pessoas com 60 anos ou mais no mercado de trabalho brasileiro aumentou 68,9% entre 2012 e 2024. O número passou de 5,1 milhões para 8,6 milhões. O crescimento acompanha a expansão dessa faixa etária na população em idade ativa. Segundo dados da PNAD Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos hoje representam 20% dos brasileiros com 14 anos ou mais.
Mais longe da aposentadoria, mais perto da atividade
Essa mudança reflete uma transformação social e econômica. A pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), Janaína Feijó, destaca: “A geração prateada vem sendo menos associada à inatividade e mais à autonomia e ao bem-estar.” De fato, o avanço da medicina, o aumento da expectativa de vida e o desejo de independência impulsionam esse grupo a se manter ativo. Porém há também um fator de necessidade. Muitos idosos continuam trabalhando para arcar com os custos do dia a dia, como saúde e alimentação.
Desigualdade educacional ainda limita oportunidades
Apesar da evolução, o nível de escolaridade continua sendo um obstáculo. Hoje, 54% dos trabalhadores com 60 anos ou mais estudaram até o ensino fundamental. Em 2012, esse percentual era de 71,6%. Ou seja, houve melhora, mas a maioria ainda enfrenta dificuldades para alcançar vagas com melhores condições e salários. A informalidade é alta: 53,8% dos idosos ocupados não têm registro em carteira. Entre os que possuem apenas o fundamental, esse índice sobe para 68,5%.
Renda baixa e ocupações concentradas em serviços
A desigualdade de renda também é marcante. Segundo Feijó, “a remuneração média dos idosos informais é de R$ 2.210, contra R$ 5.476 dos formais.” Os setores que mais absorvem esses trabalhadores são o Comércio e a Construção Civil. Em 12 anos, o número de idosos vendedores cresceu 26,75%. Já operários e artesãos aumentaram 21,2%.
Desafio de incluir e valorizar a geração prateada
O aumento da participação de idosos exige que o país repense sua estrutura laboral. Janaína alerta: “É preciso ampliar a requalificação profissional e combater o preconceito etário nos ambientes de trabalho.” Portanto, garantir um envelhecimento ativo e digno é mais que um direito. É também um motor de desenvolvimento para a economia brasileira, que se adapta a um novo perfil populacional.
Políticas públicas em apoio ao envelhecimento ativo: o caso de São Paulo
Frente a esse cenário, iniciativas como o programa São Paulo Amigo do Idoso ganham relevância. A política, voltada à promoção do envelhecimento saudável e à valorização da população idosa, atua em frentes como saúde, mobilidade, inclusão digital e combate à violência contra a pessoa idosa. Além disso, busca incentivar a inserção produtiva dos idosos, alinhando-se à necessidade de garantir oportunidades justas e ambientes inclusivos para essa faixa etária crescente.