Todos os anos, no dia 8 de março, são colocadas em evidência questões que afetam a vida das mulheres durante todos os dias. Dentre elas, estão as diversas razões pelas quais o mercado de trabalho ainda está distante de ser inclusivo e igualitário com elas e, enquanto conquistas para o presente não ocorrem, a saúde física e mental, qualidade de vida e independência financeira é que pagam a conta.
Formas de alcançar as conquistas para o presente
Na Cruzando Histórias, diariamente nos deparamos com mulheres que não conseguem se recolocar simplesmente por já terem passado dos 40 anos ou serem mães. Vivenciamos junto a elas negativas que vêm acompanhadas de frases como: “você deveria estar com os seus filhos” ou “precisamos de pessoas mais jovens”. Ainda que qualificadas, os espaços não estão verdadeiramente abertos para aceitá-las.
Levantamento realizado pelo Banco Mundial aponta que as conquistas para o presente ainda precisam acontecer. Um indicativo é de que mulheres possuem menos de dois terços dos direitos oferecidos aos homens nesse âmbito. A chamada “economia do cuidado” cobra um preço alto. O IBGE apontou que, em 2022, mais de 2,5 milhões de mulheres optaram por não trabalhar para se dedicar ao cuidado de familiares ou às responsabilidades domésticas.
Isso quando falamos daquelas que ficam exclusivamente responsáveis pelos cuidados, mas existe uma grande parcela que lida com a dupla jornada, onde, além das atividades externas e remuneradas, são encarregadas de fazer uma casa funcionar.
Dificuldades das mulheres no dia a dia
De uma maneira geral, não é fácil ser mulher, seja na sociedade como um todo ou no mercado de trabalho. Enfrentamos questionamentos, assédio e exigências. Quando fazemos um recorte de raça e classe, a situação é mais problemática. Ao observar com um pouco mais de atenção, entendemos que ambos – mercado e sociedade – estão distantes de incluírem as mulheres.
Falta compreensão e reconhecimento. Ainda que algumas empresas busquem conquistas para o presente, sabemos que uma maioria considerável ainda se agarra a conceitos ultrapassados e posicionamentos preconceituosos que excluem as mulheres. E, enquanto a mudança vem a passos lentos, o tempo delas passa, gerando o medo, a dependência e a insegurança. Não temos tempo para esperar, precisamos de uma transformação profunda e imediata.
O impacto do Cruzando Histórias nas conquistas para o presente
A Cruzando Histórias luta diariamente por isso. Apoiamos, empoderamos e escutamos mulheres das mais diversas idades, posições sociais e vivências. Em seus desabafos, enxergamos tudo aquilo que ainda não conquistamos, mas que muitos acreditam já termos realizado. No 8 de março, parabenizam-nos e relembram conquistas passadas, mas precisamos de conquistas hoje.
Convidamos, então, à reflexão. À observação. À conversa. Como estão as mulheres que você conhece? Quão cansadas elas estão? Quais são suas dores? De que elas precisam? Não é suficiente um dia, não é bastante o “parabéns”. É preciso escuta e ação. Quando falamos da nossa luta, somos fortes, mas queremos mais do que falar. Queremos ser ouvidas. E queremos apoio. Queremos espaços seguros, oportunidades iguais e respeito. Queremos as conquistas para o presente.
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A Cruzando Histórias é uma ONG que apoia mulheres em desemprego e oferece atendimento presencial gratuito de segunda e quarta-feira, das 10h às 16h, na rua Barão de Itapetininga, 255, sala 605. Fale conosco pelo WhatsApp: (11) 91013-3337.