Mercado para cuidador de idosos está aumentando

11 de fevereiro de 2019

Escrito por: Kazuhiro Kurita

O mercado de trabalho nesta área cresceu 547% nos últimos 10 anos, segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A população brasileira vem envelhecendo e vivendo cada vez mais, com uma expectativa de vida em torno de 76 anos, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como o número de membros na família vem diminuindo e todos têm de batalhar para sobreviver, a profissão de cuidador de idoso é a que mais cresceu na última década.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos quais o levantamento da CNC se baseou, só leva em conta os trabalhadores formais, com registro na carteira. Para o economista-chefe da entidade, Fabio Bentes, deve ter muita gente atuando na informalidade na área.

Bentes destaca uma predominância de atividades voltadas para a saúde. “Além dos cuidadores de idosos, preparadores físicos, técnicos de enfermagem, técnicos em saúde bucal e fisioterapeutas são profissionais em alta. As famílias sacrificam outro tipo de consumo, mas mantêm os cuidados com a saúde”, afirma.

Quem tem constatado isso é Mércia Monzani, que se empolgou com a ocupação quando teve de cuidar de sua avó por 10 anos. Autodidata, ela só foi fazer um curso mais tarde para aprender na teoria o que sabia na prática. “Fui pegando o jeito e gosto pela profissão à medida que cuidava da minha avó. Aprendi que é preciso muito carinho e paciência para tratar com os idosos”, diz. No entanto, quando sua avó faleceu, Mércia foi trabalhar em escritórios e somente três anos e meio depois assumiu a nova ocupação. Ela faz parte dos cuidadores informais que não constam dos dados do Caged, embora venha tentando se regularizar. “Cuidei de uma senhora durante nove meses, mas quando pedi para ser registrada, ela me dispensou. Agora, estou pensando em me tornar uma microempreendedora individual (MEI)”, projeta.

Falta regulamentação

Denise Almeida, professora do curso de Serviço Social do Centro Universitário Internacional (Uninter), faz uma ressalva, lembrando que o crescimento em curto espaço de tempo e a formalização desse mercado esbarram na falta de capacitação adequada dos profissionais. “A ocupação ainda não foi regulamentada como uma profissão e não há regras claras sobre a formação mínima que deveria ser exigida nem qual seria o conteúdo obrigatório dos cursos”, adverte.

Um Projeto de Lei tramita na Câmara dos Deputados para criar e regulamentar a profissão de cuidador não só de idosos, mas de crianças e de pessoas com deficiência ou doença rara. Há também um Projeto de Lei do Senado Federal para determinar as atribuições de quem desempenha esta função.

Diante deste cenário, os pré-requisitos e o perfil de quem atua como cuidador de idoso estão relacionados apenas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). De acordo com o texto, devem ser contratados maiores de idade, que fizeram cursos livres com duração entre 80 e 160 horas e que demonstrem empatia e paciência.

“O profissional deve dialogar com o paciente para estabelecer um vínculo e fazê-lo sentir-se parte de um grupo. Além disso, é importante conhecer a rotina da família e como todos se organizam diante da situação. Entre as principais atividades estão os cuidados com higiene, medicação e descarte de materiais, bem como cuidados com alimentação e ao risco de queda”, observa Denise.

Atenta a este movimento, a Central Nacional Unimed criou um curso gratuito de cuidadores de idosos há quatro anos, que começou com 20 alunos. Hoje, são 600 vagas abertas periodicamente para novas turmas, com 100 horas/aula ministradas presencialmente e a distância. A remuneração pode variar de

R$ 1.500,00 a R$ 2.400,00 com carga horária diária de trabalho de oito a 12 horas.

Para o presidente da instituição, Alexandre Rushi, as mudanças da faixa etária e o aumento da expectativa de vida dos brasileiros consistem em temas fundamentais para o desenvolvimento sustentável do sistema de Saúde no País. “O envelhecimento da população está se consolidando em uma velocidade muito maior se comparada a outros países”, constata Ruschi.

Outros cursos gratuitos online e presenciais podem ser encontrados na internet, como o do Senac, cujos pré-requisitos são ser maior de 18 anos e ter o ensino fundamental completo, que já formou nove mil profissionais

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